
Morador Carlos Bacurau mostra documento de venda de sua casa. O fato ocorreu há um ano, conforme comprovação no cartório da cidade FOTO: ELIZÂNGELA SANTOS
Segundo pároco da Igreja Matriz da cidade, Edmilson Neves, em nota divulgada pela Diocese, já está sendo providenciada a renegociação dos empreendimentos vendidos para a devolução à Igreja, com a invalidação das escrituras. Ele afirma que, com isso, os moradores terão a garantia dos imóveis, como preferentes para compra.
As casas e prédios comerciais estão distribuídos em várias ruas do Crato, inclusive do Centro da cidade. De acordo com os moradores, são cerca de 65 imóveis entre casas e prédios comerciais, alguns deles, há mais de um ano vendidos com preços abaixo do mercado. Conforme o padre, a negociação foi feita por um assessor da Igreja, sem o pleno conhecimento do bispo dom Fernando Panico. Ele disse, ainda, que foram tomadas providências e houve a mudança do cargo da pessoa responsável pelas finanças. "É como uma Prefeitura. São muitas coisas para administrar e o bispo tomou conhecimento e decidiu fazer a mudança imediata", explica.
Um dos moradores inconformados com a questão é o funcionário público Carlos Pedro Bacurau, que teve a sua casa vendida há mais de um ano. Com cópia de um documento extraído no cartório da cidade. Ele diz que a sua residência, considerada modelo, pelo zelo que tem com a casa que mora há 37 anos, foi negociada por um preço bem abaixo do que ofertou há cerca de três meses "Houve a venda por R$ 60 mil há mais de um ano, e fiz uma proposta de R$ 280 mil", afirma o morador, que disse estar angustiado com a situação e cobra o posicionamento da Igreja em relação ao caso.
Os moradores chegaram a contratar advogado para resolver a questão. Há pessoas que residem em casas da Igreja há mais de 50 anos. Segundo o padre Edmilson, várias providências relacionadas à forma como vinham sendo conduzidas as questões relacionadas às finanças da instituição estão sendo modificadas, em função de problemas verificados.
Para o morador Humberto Pinheiro, a situação é de constrangimento, em relação ao que aconteceu. Morador da Rua Monsenhor Sóter há 22 anos, ele afirma que todos os meses tem pago o aluguel, mas não imaginava que a sua casa estava vendida a outro proprietário. Para constatar a veracidade, decidiu ir até o cartório da cidade e viu que a unidade tinha sido vendida há pelo menos um ano, mesmo com o contrato de aluguel renovado em nome da Diocese.
Ele disse que chegou a falar com um padre sobre a situação e alegação foi de que a Igreja estava passando por dificuldades. De acordo com o inquilino, a sua casa foi vendida em julho de 2012 e o contrato de aluguel renovado em dezembro do mesmo ano. Humberto alega má fé na negociação, sem que o direito do inquilinato fosse respeitado, dando preferência a outros moradores.
Negociações
Em uma carta de esclarecimento a um dos moradores, o bispo dom Panico nega a venda de uma das casas da rua Carolino Sucupira, no Centro, no valor de R$ 350 mil.
Conforme a carta do bispo, com a negativa da Diocese, é pedido para o inquilino comparecer à Cúria Diocesana para maiores esclarecimentos. Os imóveis estão localizados em ruas como a Monsenhor Sóter, Coronel Secundo, Carolino Sucupira e Adelice Macedo, dentre outras áreas da cidade.
ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER
Diário do Nordeste