
No sul do Estado, por exemplo, há pelo menos 40 pessoas com malária, segundo o cacique e coordenador da Federação das Organizações e Comunidades Indígenas do Médio Purus, José Bajaga Apurinã. Ele garante que a região, que reúne cerca de 8 mil indígenas, não recebe médicos há dois anos.
"Eles não têm como ir para a cidade e os médicos que estão nas zonas urbanas não chegam às localidades, pois não há barco, combustível, materiais", diz o cacique. Segundo ele, as comunidades são atendidas apenas por agentes de saúde e, rara vezes, por técnicos e enfermeiros.
Apurinã conta que há dois médicos e quatro dentistas para atender os indígenas, mas eles se recusam a entrar na mata sem infraestrutura. Segundo ele, dois profissionais do programa federal virão à região do Médio Purus (oeste do Estado). "Mas sem estrutura, continuaremos do mesmo jeito", diz.
A situação também é crítica no Vale do Javari, perto da divisa com o Peru. Presidente da Organização Geral Mayoruna, Raimundo Mean diz que, ali, os indígenas são diagnosticados por agentes de saúde. "Eles não são médicos, não fazem exames. Com base em sintomas similares em vários indígenas, o diagnóstico é feito por identificação. Perto de onde moro, nunca chegou médico", reclama.
O governo não divulgou a quantidade de médicos em cada Dsei no Amazonas. Ao todo, 1.096 profissionais confirmaram a participação no programa e ocuparão vagas em 454 municípios e 16 distritos de saúde indígena.
O Estado de S. Paulo, 08-09-2013